segunda-feira, 17 de março de 2008

Rotina.


Veste-me com a melhor roupa.
Despe-me até a alma.
Finge. Desdenha. Insatisfaz.
O sol nasce sempre mais cedo.
E se põe na mesma velocidade.

Deturpa. Bagunça. Confunde.
Inebria. Encanta. Desencanta. Joga fora.
As mãos estão sempre vazias.
E o peito cheio de nada.
Um nada tão profundo...

Uma posse despossuída.
Só os olhos mais alertas podem ver.
O lixo se acumula. O lixo está no chão.
O chão é o limite. E o lixo se vai.

Em qual bueiro foi parar meu coração?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Entre laranja e limão.


Minutos de um dia qualquer
Oh como eles podem ser doces e suaves!!
Como podem ser delicadamente traiçoeiros
e covardes...

Eles passam, sem consideração pelo que ficou
e pelo que ainda pode ser.
Quem disse que o tempo se preocupa com sorrisos, rugas, ou tentativas frustradas?
Ele responde, cura, antecipa, retarda, inconsequentemente. Mas passa.
Desfila pela dor, pela angústia, pela solidão...

Solidão...O tempo não lhe é páreo.
Nem importa quem é o vencido ou o vencendor.
Tempo e solidão são farinha do mesmo saco, células de um mesmo tecido.
Tão substantivos, que parecem palpáveis.
Tão abstratos, que sublimam. Tão reais e cruéis que torturam.

Quem sabe ser só, não teme o tempo.
Quem espera, não resiste à solidão.
Quem vive, se submete às inconstâncias do "Senhor da Razão"
e se sujeita aos dissabores do vazio inevitável.